terça-feira, 29 de maio de 2018

Embarque da Divisão na Praia Grande (29 de Maio de 1816)


Jean Baptiste Debret., "Embarque, na Praia Grande, de tropas destinadas ao bloqueio de Montevidéu.", Óleo sobre papel colado na madeira. Assinado. 1826. 0, 640 x 0, 420 m. (Museu Imperial de Petrópolis).

Este óleo terá sido feito com base na mais conhecida gravura [em baixo] de Jean Baptiste Debret, publicada em França na década de 1820, em baixo, retratando o dia 29 de Maio de 1816, em que a Divisão de Voluntários Reais embarcou nos transportes que a 12 de Junho partiriam para a ilha de Santa Catarina. O interessante neste óleo relativamente pouco conhecido é que retrata mais do que a gravura, assim como apresenta grandes diferenças no uniforme dos soldados portugueses.


Para lá da gazeta oficial, também Claudino Pimentel nos elucida acerca do que acontecia na Corte nesta altura. Um conselho de guerra naval no Rio decidia aonde desembarcar as tropas, se em S. Catarina, com as tropas a marchar daí em diante por terra (como aconteceu), se dentro do Rio da Prata, em Maldonado, mais próximo de Montevideu. Ferreira Lobo decidiu-se pela primeira opção, contra a opinião de todos os almirante ouvidos. A principal ameaça era os pamperos meridionais, tão devastadores quanto imprevisíveis.

A gravura, domínio pericial de Debret, apresenta uma melhor qualidade e pormenor, mas o óleo, cuja autoria lhe é dada, é bastante diferente.


O óleo que apresento ao topo deste artigo apresenta mais cenas, nomeadamente a particular cena dos soldados já embarcados numa barcaça de transporte e a caminho dos seus navios que das águas da Guanabara saúdam el-Rei. Esta não aparece de todo nas gravura que Debret publicou, senão apenas o mestre da barcaça.



Também o pelotão que avança de costas, o seu tenente usando uma fita negra no braço esquerdo em luto por D. Maria, perfilando-se perante o rei D. João VI, usa vermelho na gola e canhões num, e amarelo no outro. Amarelos seriam o 3.º Batalhão de Caçadores, apenas recentemente passado a ser o 1.º Regimento de Infantaria, com mais duas companhias do 1.º Batalhão. Vermelho não há, porém, indicação de ter sido usado pelas quatro unidades de infantaria.





Note-se as diferenças entre a gravura e o óleo. As figuras por trás da família real são totalmente diferentes em cada uma das peças.

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Parece-me pertinente comparar com o óleo que retrata a parada e desfile da divisão no campo de D. Helena, 2 semanas antes, a 13 de Maio:


Mais informações acerca deste último óleo, que está na Pinacoteca de S. Paulo, no blogue Em Busca de Lecor AQUI.

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