quinta-feira, 24 de novembro de 2016

1.ª Brigada: João da Cunha Lobo Barreto


O tenente JOÃO DA CUNHA LOBO BARRETO nasceu em Barcelos, a 2 de Junho de 1795, filho de Estevão Bernardino Barreto e de D. Vitória Margarida da Cunha Barreto. 

Alistou-se no Batalhão de Caçadores n.º 4, tendo sido promovido a alferes, de cadete, a 9 de Dezembro de 1812. Fez as campanhas de 1813 e 1814, inserido na 1.ª brigada portuguesa independente. 

Passa, com 21 anos, à Divisão de Voluntários Reais do Príncipe, como tenente do 1.º Batalhão de Caçadores, inserido no início de julho de 1816 na vanguarda comandada pelo marechal de campo Sebastião Pinto de Araújo Correia.


* * *
Memórias
BARRETO, João da Cunha Lobo, “Apontamentos historicos a respeito dos movimentos e ataques das forças do comando do general Carlos Frederico Lecor, quando se ocupou a Banda oriental do Rio da Prata desde 1816 até 1823 (…)”, in: Revista do IHGB, vol. 196, Julho-Setembro 1947, pp.4-68.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Tomada de Maldonado (22 de novembro de 1816): contexto e visões


Contexto

Conforme as ordens do princípe regente e do governo do Rio de Janeiro, a esquadra comandada pelo chefe de divisão Ferreira Lobo teria por objetivo a conquista do importante porto de Maldonado, considerado por um conselho naval realizado no Rio em Junho como o único ponto de desembarque possível, antes de Montevidéu.

A esquadra portuguesa já estava junto a Maldonado desde Outubro, mas só quase mês e meio depois é que foi decidido o desembarque e ataque à cidade. Muito do atraso teve que ver com o atraso das forças terrestres que ficaram, na sua maioria, paradas em Pelotas e vila do Rio Grande pela maior parte de setembro e outubro.

Estas estavam já firmemente implantadas na área das lagoas Negra e de Castillos, e ainda sem ser do conhecimento da esquadra, tinham obtido uma decisiva vitória, apenas 3 dias antes, em India Muerta, mais para o interior.

A importância estratégica de Maldonado é bem demonstrada por ter sido nesse porto, quase 5 meses antes, a 20 de junho, que se obteve a certeza absoluta que a expedição portuguesa tinha saído do Rio de Janeiro com vista a atacar a Banda Oriental e  José Artigas. 
Quase meio ano depois, cai Maldonado e abre-se um pouco mais a estrada de Monmtevidéu.


Parte oficial do chefe de divisão Rodrigo José Ferreira Lobo respeitante à tomada da cidade e do porto de Maldonado, a 22 de novembro de 1816

Ill.mo e Ex.mo Snr

Tendo o maior prazer, e satisfação de participar a V. Ex." que no dia 22 do corrente, fiz hum dezembarque em Maldonado com as Tropas que tinha de transporte, e reforcei esta com a Brigada Real da Marinha, fazendo ao todo o numero de trezentos homens, e quatro peças de Campanha, sendo estas puchadas em parte por marinheiros, e attesta delles Officiaes de Marinha, tudo debaixo do immidiato Commando do Mayor Cotter, que me satifez grandemente, e me deo as provas mais decizivas do seu valor, e intelligencia em tudo quanto fui necessario fazer, não duvidando de pór em prática a mais pequena coiza que lhe determinei, 

/pois que assisti ao dezembarque, e a marcha que fez aquelle Corpo, até que abarracou fóra da Povoação, tendo primeiro Ordenado, que fizesse alto a Columna, a tiro de fuzil fóra da Torre de Maldonado, e logo depois entrou dentro da Cidade o Ex.""' Conde de Vianna, para tratar das Condições que remetto por Cópia, e me forão apprezentadas na frente da Tropa, que estava em  linha na frente da dita Torre, onde eu estava ao lado do Commandante della, elogo que approvei o que o Ex.""' Conde tinha feito; este subio a sobre dita Torre, com alguns dos Commandantes dos  Navios, e varios Officiaes da Marinha, e elle mesmo issou e fes tremolar a Bandeira  Portugueza, seguindo-se logo trez descargas de mosquetaria, e húa salva d'artelharia e sette Vivas de Viva  EIRey, seguindo-se immediatamente embandeirar a Esquadra, e dar huma salva Real; 

/e devo dizer a V. Ex.ª que foi hum dos dias que tenho tido de maior prazer, porque em todos observei o maior contentamento possivel, e dezejando achar a maior rezistencia, para mostrarem o dezejo que tem de se exporem pelo nosso amavel Soberano; e quando virão que não podião satisfazer a sua Vontade, não ficarão nada satisfeitos; devo igualmente partecipar a V. Ex." que estou muito agradecido ao Conde de Vianna, pois que tem huma grande parte nesta acção, que foi por mim encarregado da dispozição della, em que mostrou decizivamente a sua grande intelligencia, e interesse que tóma por todo, e qualquer servio de S. M. aquem devo recommendar todos os Officiaes, não só de Marinha, mas tambem da Tropa, e destes com particularidade o Major  Cotter, e o Capitão d Artelharia, Antonio Joze da Silva; 

/ e pouco antes de se pór o sol embarque¡, e mais o Ex.mo Conde de Vianna, tendo deixado as Ordens que herão necessarias ao Mayor Cotter, para que não avançace para o frente por que o meu Plano, não hera o de conquistar mas, sim o de sustentar aquella pozição, e do que elle hera de parezer. 

Remetto a V. Ex.ª a Proclamação que fez. 

Deos Guarde a  V.  Ex
Abordo da Nau Vasco da Gama, surta defronte de Maldonado, 23 de Novembro del 1816.

Illmo Ex.mo Snr Marquez d' Aguiar
Rodrigo  Joze  Ferr.ª  Lobo
Chefe da Divizão Com.te

Imagem
Costa de Punta Ballena, a oeste de Maldonado, como em

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:PANO_20141019_173454.jpg

Fonte

- Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, tomo 31.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Exército do Brasil: Manoel Marques de Sousa


O sargento mor MANOEL MARQUES DE SOUSA nasceu em 1780, na Vila do Rio Grande, filho do tenente general Manoel Marques de Sousa. Após os estudos iniciais, assentou praça na Legião de cavalaria ligeira do Rio Grande, ascendendo a 6 de novembro de 1799 a ajudante, posto com que participou na campanha de 1801. É promovido a capitão comandante da 2.ª companhia. 

Participa nas operações do Exército Pacificador da Banda Oriental, em 1811. Dois anos depois, a 13 de Maio de 1813, é graduado em sargento mor da Legião. 

Em 1816, com 36 anos, é destacado no comando de um esquadrão da sua legião e um esquadrão da Legião de Voluntários Reais de São Paulo, formado das 2.ª e 4.ª companhias.

Imagem
Igreja Matriz de São Pedro e Capela da Ordem Terceira de São Francisco, Vila do Rio Grande, retirada de: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lateral_da_Igreja_Matriz_S%C3%A3o_Pedro.jpg?uselang=pt

sábado, 19 de novembro de 2016

Batalha de India Muerta (19 de novembro de 1816)



Após a acalmia das operações na fronteira do Rio Pardo, com a vitória na batalha de Carumbé, era a vez da Divisão de Voluntários Reais (DVR), do Exército de Portugal, entrar em ação na costa atlântica da Banda Oriental, após uma pausa de 2 meses devido a problemas de recolha de cavalos. 

Desde Agosto que a vila de Mello, mais para o interior, e a fortaleza de Santa Teresa, à entrada da Angostura, estavam ocupadas por forças do Rio Grande, exatamente para preparar a chegada da Divisão: a 9, Melo ou Cerro Largo era tomada pelo coronel Félix de Mattos, e, a 12, Santa Teresa é facilmente tomada pelo major Manoel Marques de Sousa.



A Campanha
O marechal de campo Sebastião Pinto de Araújo Correia, comandante da coluna de vanguarda da DVR, partiu  no dia 9 de novembro da fortaleza de Santa Teresa em direção a passo de Castillos, um incipiente povoado entre as lagunas Negra (maior, a norte) e de Castillos (menor, a sul), que abre para Rocha, Maldonado e depois Montevidéu. 
O tenente João da Cunha Lobo Barreto escreve, nas suas memórias, que antes da Vanguarda sair, procedeu-se a uma parada de cavalaria que descambou em desastre, com os cavalos e cavaleiros a demonstrarem da pior forma a ainda incipiente adaptação aos cavalos locais:
[...] ao proferir – a cavallo – foi tal a desordem que a não podemos descrever: soldados correndo á descripção dos cavallos; outros lançados por terra; arreios dispersos... finalmente era uma scena de riso. (Lobo Barreto, p. 7)




A Batalha
Ambos os comandantes (Pinto, do lado português, e Frutuoso Rivera, do lado oriental, comandando a 2.º División) tinham ordens de atacar o inimigo numa ação geral se considerassem haver a mínima possibilidade de vencer. O primeiro, pelas instruções do tenente general Lecor e o segundo, pelas de José Artigas.

A 16 de novembro, nos passos a noroeste da lagoa de Castillos (Consejo e Chafalote), um pouco além de Castillos e recebendo informação de locais que o grosso da força do comando de Frutoso Rivera estaria no arroio de Alferez, cerca de 60 km a ocidente, Sebastião Pinto decide-se a atacar Rivera, pedindo duas companhias de caçadores emprestadas ao 2.º Batalhão, da brigada de Pizarro, aumentando assim a sua força [vide Ordem de Batalha em baixo].

No dia seguinte [17], “se emboscou” nuns palmares de Talayer, um pouco a norte do Passo Real de Castillos e, coberto pela marcha da 2.ª Brigada para o passo de Chafalote na estrada principal, marchou de noite para oeste, cada vez mais para o interior.

Na madrugada do dia 18, por volta das 7 da manhã, a Vanguarda topa duas partidas orientais de reconhecimento (bombeiros, como eram então conhecidos). 
Apesar disso, Sebastião Pinto consegue chegar às costas do arroio India Muerta, no passo de Coronilla, como era então conhecido, mantendo a infantaria e artilharia ocultadas (relembremos: 4 companhias de granadeiros e 4 companhias de caçadores). Pernoitaram junto à casa de Manoel dos Santos, que estaria localizada a oriente do arroio India Muerta.

Prevenidos dos movimentos dos portugueses, Rivera e os seus cerca de 1800 orientais, uma mistura de milícias e algumas tropas de linha, que estavam a treinar há algum tempo na área do arroio de Alferez marcham rapidamente ao encontro do inimigo:

En el acto montamos á caballo, infantería y caballería y salimos á encontrarlos; amanecimos á retaguardia del enemigo, que había marchado esa noche como nosotros igualmente, [...]. (Cáceres, p.x)

No dia 19, os portugueses atravessam o arroio de India Muerta e marcham até o Puesto da Vella Velazquez, cujas ruínas ainda podem ser vistas hoje. Fazem este pequeno percurso de cerca de 600 m, sob fogo inimigo ligeiro e batendo cada vez mais partidas inimigas. 
Do Puesto avançam para o passo de Manoel Patricio, mais a ocidente, no arroio de Sarandi de la Paloma onde chegam às 11 horas. Lobo Barreto descreve esse sítio como “um pequeno pessegal junto a um rancho de palha”. Aí, Sebastião Pinto manda descansar e carnear.

É de notar que o principal caminho nessa altura corria de oeste a leste, enquanto que hoje em dia o eixo rodoviário principal corre de norte a sul.


Plano da batalha de India Muerta, in Vaszquez (1953)

Nesse momento, ainda atentos a algumas partidas a oeste, enquanto se preparava decerto o gado para matar, as tropas portuguesas começam a descortinar, a leste, na sua retaguarda, uma enorme coluna de cerca de milhar e meio de cavaleiros com 4 de frente a tomar o Puesto da Vella Velazquez: o grosso das forças orientais no teatro.

Enquanto os orientais se dispuseram em linha de batalha junto ao Puesto, uma enorme meia lua, com a cavalaria nas alas, os portugueses tomaram as suas providências, deixando uma companhia de caçadores no passo de Manoel Patricio, onde estavam, sob comando do major Andrew MacGregor, um dos dois ingleses da Divisão, e, formando um quadro, passaram a zona alagada da Cañada do Espinal e formaram linha a cerca de 750 metros dos orientais, em terreno mais baixo, sempre sob fogo inimigo, ainda que extremamente eficaz dadas as distâncias.

O inimigo, frio espectador da nossa manobra e atribulação, desenvolveu a sua forte coluna em linha de batalha, formando uma meia lua a um quarto de légua do passo, tendo no centro o seu canhão e a pouca infantaria. (Lobo Barreto, p.7)
Croquia da batalha, de acordo com Ramon de Caceres

Apesar do que muitas fontes dizem, os orientais não eram só cavalaria. Na verdade, a maioria era infantaria, mas todos andavam a cavalo. Ao contrário das forças portuguesas, treinadas como unidade desde pelo menos julho de 1815, as orientais eram formadas fundamentalmente de milícias, e algumas delas criadas ainda em 1815. Ramón de Cáceres mostra-nos bem o carácter amador da maioria neste exército de patriotas, ainda que bem intencionados e defendendo a sua terra.
Ainda assim, o que os portugueses viram enquanto carneavam, próximo do arroio de la Paloma, foram milhar e meio de homens a cavalo, a juntar às pequenas partidas que já os hostilizavam desde que haviam passado o arroio de India Muerta.

Testemunhos e localização na batalha
Deixo, por ora, a descrição da batalha propriamente dita às penas de quem a combateu e testemunhou e cujas memórias podem ser lidas em postagens diferentes. Para facilitar uma exploração do caro leitor, deixo uma imagem adaptada com as posições de cada um dos memorialistas que temos vindo a lembrar neste blogue.

Preparo um livro sobre esta campanha, mas deixo-vos aqui quase todas as fontes de memorialistas. A leitura das fontes é metade do divertimento. Interpretá-las é mais custoso.

Adaptação do mapa

(I) marechal de campo Sebastião Pinto de Araújo Correia
Relatório oficial da batalha, enviado 2 dias depois ao tenente general Lecor. Dá um mérito excessivo às 4 companhias de granadeiros na decisão da batalha que Lobo Barreto desmente, indicando que apenas dispararam uma salva quando já o inimigo estava em debandada.

(II) tenente João Cunha de Lobo Barreto
Memórias escritas décadas depois e publicadas em 1947, com anotações do Barão do Rio Branco. O texto é aparentemente anónimo, mas o autor identifica-se à frente no texto. Demonstra um forte desagrado face à conduta do comandante da Coluna da Vanguarda, Sebastião Pinto, assim como face à sua experiência de comando em combate. Este tipo de interação social entre oficiais do exército português era extremamente comum, na lógica social da economia de favores do Antigo Regime.

(III) sargento mor Manoel Marques de Sousa
Carta escrita dois dias depois ao seu pai e comandante de unidade, a quente, e após ter ficado contuso em virtude de combate. Porque ao pai, há mais candura na descrição. É possivelmente a fonta portuguesa mais 'honesta'.

(IV) teniente segundo Ramon de Cáceres
Memórias escritas, salvo erro, em 1830, década e meia depois. Existem duas versões semelhantes e complementares, assim como um croqui numa delas. Ambos textos na mesma edição. Este testemunho é essencial para perceber as tropas orientais e o seu percurso até India Muerta.

(V) cirurgião Francisco Dionisio Martinez
Memórias escritas anos depois, relembrando a sua pronta ação no socorro dos feridos orientais na batalha nas horas e dias a seguir. Ainda que não na batalha, as suas memórias mostram-nos o estado das forças orientais derrotadas, dispersas e ébrias e a sua posterior recuperação sob o capaz comando de Frutuoso Rivera.


***

Alguma cauções e notas , no entanto, em termos de interpretação. Dois temas controversos no diálogo entre os memorialistas, entre o fumo dos mosquetes, o grito de camaradas feridos, nalguns a instantânea descida ao caos do combate, noutros a primeira batalha, o baptismo de fogo. São eles:

Início da Ação: carga portuguesa numa ou nas duas alas?
Ao contrário do que refere Ramón de Cáceres nas suas memórias, de facto apenas a cavalaria da ala direita é que carregou o flanco esquerdo oriental no início da ação. 
Sabemos isso porque Manoel Marques de Sousa, que escreveu sobre isso 2 dias depois ao pai, comandava a ala esquerda portuguesa e indica claramente não ter havido carga do seu lado. Se tanto, Marques de Sousa acabou por ser ver envolvido inadvertidamente, como é óbvio, com uma coluna de cavalaria inimiga. 
De facto, a cavalaria oriental, nas alas, fazia o que Caceres chama 'martillo', tentando envelopar a linha portuguesa. Isso dava a ilusão de uma carga, mas era apenas o que se pode chamar de aproximação. Pode-se até dizer que foi este avanço oriental que leva Pinto a ordenar a carga na ala direita.



Os 'Talaveras': os problemas na cavalaria
São as memórias de um oriental, Ramón de Cáceres, no seu baptismo de fogo, aos 18 anos, que nos informa algo muito relevante sobre as táticas da cavalaria portuguesa:

Los 100 hombres que atacaron nuestro costado izquierdo [o primeiro ataque da cavalaria portuguesa], venían como en 4 filas con 25 hombres de frente, traían la espada en mano y eran puros talaveras que aun no sabían andar á caballo, ó por mejor decir, no conocían los caballos de la tierra, por cuya razón se prendían por el muslo en las pistoleras con las correas que tenían para asegurar el capote, y una prueba de esta verdad es que algunos que allí murieron, fueron arrastrados por sus caballos sin poderse desprender de la silla. (Caceres)

(Refere também o uso de espadas direitas, que seriam usadas por cavalaria pesada, conforme Manuel Ribeiro Rodrigues)

Ficamos aqui com a confirmação da problemática adaptação da cavalaria portuguesa aos cavalos locais (para não falar da falta deles), que mencionei acima com o episódio da parada de cavalaria do dia 9/11, ainda na fortaleza de Santa Teresa. 
Ainda hoje Talavera indica alguém que não sabe andar a cavalo, por arcaica e desusada que seja. Irónico que a batalha de Talavera, no distante 1809, não tenha contado com a participação de tropas portuguesas, mas atesta, certamente, o estatuto icónico da primeira grande vitória de Wellington na Espanha e a reverberação no novo mundo.


Ordem de Batalha

Divisão de Voluntários Reais, Exército de Portugal
COLUNA DA VANGUARDA
Marechal de Campo Sebastião Pinto de Araújo Correia

- 2 esquadrões de cavalaria, DVR 
(tenente coronel José Tovar Albuquerque e sargento mor Duarte Mesquita Correia)
- 4 companhias de granadeiros, DVR
(tenente coronel António José Claudino Pimentel)
- 1 obús, DVR
(1.º tenente Gabriel António Francisco de Castro)
- 4 companhias de caçadores (três do 2.º batalhão e uma do 1.º), DVR 
(sargento mor Jerónimo Pereira de Vasconcelos e sargento mor Andrew McGregor) (2 delas emprestadas no dia 17/11 pelo 2.º Batalhão de Caçadores, a adicionar às duas já na Vanguarda)
- 2 esquadrões de cavalaria da Legião de Voluntários Reais do Rio Grande + 2 esquadrões de cavalaria da Legião de Tropas Ligeiras (ou de São Paulo)
(sargento mor Manoel Marques de Sousa).

Exército Oriental , Liga de los Pueblos Livres
CORPO DE OBSERVACIÓN (2.ª DIVISION)
Coronel Frutuoso Rivera

- 3 divisões de infantaria, 250 h cada (dividida em 5 companhias)
- Divisão de Cavalaria da Direita, 250 h, (capitão Ramón Mansilla)
- Divisão de Cavalaria da Esquerda, 250 h, (capitão Venancio Gutiérrez)

Baixas (portuguesas)

INDIA MUERTA (19/11)

MORTOS
FERIDOS
Ação
OFICIAIS
PRAÇAS
OFICIAIS
PRAÇAS
Cav, DVR
1
24
2
24
Inf, DVR
1
1
0
16
Cav, LSP
0
1
1
6
Cav, LegCav RG
0
0
0
0
TOTAL
2
26
3
40



Oficiais Mortos
Sargento mor Duarte Joaquim Correia de Mesquita
Alferes Carlos Frederico Krusse

[dados a 21.11, dados pelo sargento mor Manoel Marques de Sousa:]
“Esquadrões de S. Paulo:- major José Pedro Galvão: teve uma contusão de metralha nas costas sobr. Pescoço- furriel António José Pessoa: uma contusão de bala de clavina na perna levemente- trombeta Domingos da Costa: uma ferida de bala na coxa- soldado Francisco de Albuquerque: ferida de bala nas costas- João Baptista da Silva: ferida de bala na perna- Fernando Rodrigues: ferida leve de bala no lado direito- José Domingues: contusão na perna com bala levemente- José António Monteiro: morto
Infantaria da DVR: - 3 mortos, 18 gravemente feridos; 14 levemente feridosCavalaria: - Mortos: 1 major, 1 sargento, 23 soldados e cabos- Gravemente feridos: 1 tenente coronel, 1 capitão, 1 sargento ajud, 1 furriel e 22 soldados”.

Biografias
Fontes
- BARRETO, João da Cunha Lobo, “Apontamentos historicos a respeito dos movimentos e ataques das forças do comando do general Carlos Frederico Lecor, quando se ocupou a Banda oriental do Rio da Prata desde 1816 até 1823 (…)”, in:Revista do IHGB, vol. 196, Julho-Setembro 1947, pp.4-68.
- CACERES, Ramon de, “Memoria de Don Ramón Cáceres sobre Hechos Históricos en la República Oriental del Uruguay”, in: Contribución documental para la Historia del Río de la Plata (Tomo V), Buenos Aires: Museu Mitre, 1913. pp. 251-270 (pp. 266-269)
- DUARTE, Paulo de Queiroz, Lecor e a Cisplatina 1816-1828 ( 3 v.), Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1984.
- MARTINEZ, Francisco Dionisio, Autobiografía de Francisco Martínez Revista Histórica tomo 6.°, pág.416 y 628.In: Boletin Histórico, n.º extraordinário, setembro 1950, Estado Mayor General do Ejército, pp. 230-233
- PARALLADA, Huascar, “Primeira batalla de India Muerta (concurrencia documental y notas)”, in: Boletin Historico, n.ºs 112-115, 1967, Estado Maior do Exército do Uruguai, pp. 191-236.
- RODRIGUES, Manuel A. Ribeiro, Guerra Peninsular (II): Cavalaria 1806-1815 (1.ª Reimpressão), Edições Destarte, Lisboa, 2000. pp. 24-25
- VAZQUEZ, Ten. Cor. Juan Antonio, Artigas Conductor Militar (Coleção General Artigas, n.º 12) Centro Militar, Montevidéu, 1953.

- Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, tomo 31.

ARQUIVO HISTÓRICO MILITAR
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO

Batalha de India Muerta (19 de novembro de 1816) (I): marechal de campo Pinto Araújo Correia



Parte oficial do marechal de campo Sebastião Pinto Araújo Correia, comandante da Vanguarda portuguesa que combateu na batalha de India Muerta



Ill.mo  e  Ex.mo  S.r  

Em consequencia do Officio que recebi de V. Ex.a datado de 9 do corrente, dispouz a minha marcha da maneira indicada no meo Officio de 12, e marchando da Angostura no dia 16, e vim ficar no Passo de Castilhos, a onde se  principiou a avistar algumas Espias, que me observavaõ das alturas que dirigem á Chafalote; e sindo eu informado que Fructuozo Ribeiro tinha o seu Campo no Saco do Alferes, julguei necessario reconhecer as suas forças, antes de avançar a  Tropa athe Rocha; para o que pedi ao Brigadeiro General Pizarro, que marchasse athé ao Passo do Conselho com a sua Brigada no dia 17, e no dia 18, occupasse o Campo do Passo de Chafalote; mandando-lhe unir a Artelharia, hum Piquette de 60 Cavalos, e o Commissariado: Marchei coberto com este
movimento ao cerrar da noute do dito dia 17,  com a Vanguarda do meu Commando, duas Companhias de Caçadores da 2.° Brigada, e hum Obuz, fazendo tudo a força de 957 homens entre Officiaes, e soldados, com direçaõ ao mencionado Saco do Alferes.

Ao amanhecer do dia 18, proximo á caza de Antonio de Souza, encontrei duas partidas inimigas que  se  retiravaõ de altura, a altura, observando miudamente a minha marcha e forças, e eu pude (encobrendo-lhes a Infanteria) chegar este mesmo dia á Caza de Manoel dos Santos na Costa do Arroio da India Morta. 

No dia 19, pasado o referido Arroio, marchei athe á poziçaõ da Caza da Velha Velasques, fazendo bater Partidas, e Espiaens em maior força, que os antecedentes athe ao Passo de Manoel Patricio, onde cheguei as 11 horas da manhaã. 

Ao meio dia duas partidas inimigas, huma de 50 homens, na minha frente, e outra de 140 no flanco esquerdo principiaraõ a aproximar-se á poziçaõ que  eu ocupava e meia hora depois apareceu nas alturas da India Morta na minha rectaguarda o Corpo inimigo do Comando de Fructuozo Ribeiro que excedia muito de 2000 Homens a cavallo. Este Corpo tinha marchado toda a noite desde a Costa do Arroio de Alferes (onde tinha o seu Campo) pela Coxilha deste nome com o fim de atacar-me pela retaguarda; e estabelecendo-se na altura da Velha Velazque, postou ahi tres Companhias de Negros, que apeados protegiaõ uma Peça d' Artelharia de Calibre 4.  que para ahi trouceraõ. 

Julguei entaõ conveniente deixar immediatamente a pozicaõ que occupava, e antes que o Inimigo mudasse de Cavallos attacar a sua linha que era extensa e ordenei para isto que os dois esquadroes da Cavallaria da Divizaó, e huma Companhia de Caçadores pasassem immediatamente álem do passo que ha entre as duas poziçõens, e sucessivamente o passou toda a força: sendo-me forçoso deixar no mencionado Passo, hum Destacamento de Caçadores commandado pelo Major M.Gregor para repelir as tentativas que ali faziaõ já as duas Partidas mencionadas: as quatro Companhias de Granadeiros, e o Obus commandados pelo Tenente Coronel Antonio Claudino Pimentel, marchavaõ  com direcçaõ a Velha Velazque, os dois Esquadroes da Divizaõ, commandados pelo Tenente Coronel João Vieira Tovar á
direita da linha, e o Major Jeronimo Pereira de Vasconcellos commandava hum Corpo de Caçadores, que formando a minha esquadra, era destinado a attacar a direita do Inimigo, sendo protegido pelos Esquadrões da Legião de S. Paulo, e Millicias do Rio Grande. As Cavalhadas de rezerva dos Esquadrões ficaraõ na retaguarda da columna do Comando do Tenente Coronel  Antonio  Claudino  Pimentel  com  huma  escolta da Cavallaria.

O inimigo principiou em toda a sua linha hum fogo activo, mas sem ordem, e manobrou com o fim de flanquear os Esquadrões do Tenente Coronel João Vieira Tovar, ao que ordenei o fizesse repelir por hum Esquadraõ: era antes necessario fazer marchar alguma Cavallaria para o Passo, que defendia o Major M.Gregor, e foi reforçado com 30 Cavallos.
O Inimigo que o atacava tratou de unir-se a sua direita, que principiava a diantar-se para envolver a minha esquerda, e mandei entaõ encorporar ao Destacamento do Major Jeronimo Pereira de Vasconcellos huma Companhia de Capadores, e lhe ordenei que fizesse avanzar toda a direita dos Seus Atiradores. 

O inimigo fazia alguns tiros com a Peça que tinha, mas sem algum efeito, e o Obus da Columna do Tenente Coronel Antonio Claudino Pimentel fez tiros muito bons.

Mandei a este tempo atacar a Columna da esquerda pelo Esquadrões da Cavallaria da Divizaõ, que  fizerão prodigios de valor, manifestáraõ nesta occaziaõ os Officiaes a mais acrisolada valentia: ao Tenente  Coronel  Antonio  Claudio  Pimentel  mandei que com a Columna de Granadeiros do seu Comando ocuparse a poziçaõ em que estava a Caza, e que elle fez com a serenidade
e firmeza, que naõ póde ser excedida em huma Parada. 

Emquanto isto acontecia na nossa direita, o Combate se tinha tornado mui serio em toda a Linha e o lnimigo foi batido, e disperso em toda ella; fugio vergonhozamente athe o outro lado do Arroio da India Morta quazi a huma  legoa de distancia do lugar em que començou a acçaõ, onde queria estabelecerse, e de que foi dezalogado, por tres descargas de mosquetaria do
Corpo de Granadeiros, e naõ foi perseguido athe mais longe por causa do cangasso dos Cavallos, e fatiga da Tropa tendo durado a acçaõ 4 horas e meia.

Tenho o maior prazer em segnificar a V. Ex.ª o valor, e Sangre frio que brilhava nos semblantes dos Officiaes e o Serviço de Sua Magestade foi muito bem feito com a cooperaçaõ do tenente Coronel Antonio Claudino Pimentel, Official  dos conhecimentos, bravura, e prestimo que V.Ex.ª reconhece, do Tenente Coronel João Vieira Tovar, do Major Jeronimo Pereira de Vasconcellos, do Major Manoel Marques de Souza Comandante dos Esquadrões de S. Paulo, e Millicias do Rio Grande que se comportarão maravilhozamente, como era de esperar do seu Valor, e disciplina do Capitao João Nepumoceno, que comandou os Esquadrões pouco depois da primeira Carga, por cauza das feridas do Tenente Coronel João Vieira Tovar, e da morte do Major Duarte de Mesquita, do 2.º Tenente d. Artr.' Gabriel Antonio Franco de Castro q. dirigio o Obuz: e naã devo omittir dizer a V. Ex.ª  o que Major Jeronimo Pereira de Vasconcellos, adoecendo gravemente na marcha a ponto de precizar ser conduzido numa Carreta, me fez repetidas instancias para hir a acçaõ, e comandou com sua costumada bravura a Tropa acima mencionada.

Sinto amargamente ter de levar ao Conhecimento de V.Ex.ª a rellaçaõ dos mortos, e feridos,  q naõ he comparavavel á perda do Inimigo, que deixou no  Campo, e no Arroio da India Morta perto de 200 mortos, perdeo huma Peça  d'Artr.°, unica q tinha e muitas munições, armamentos, duas Caixas de Guerra, 250 Cavallos, e a correspondencia do Comandante Fructuozo Ribeiro, q naõ tornará a reunir os seus dispersos, e ficarão 30 prizioneiros quazi todos negros, os quaes afirmaõ que o numero dos feridos he consideravel, e en o calculo de 350 a 400 Homens: os mesmos prizioneiros,Dezertores, e Habitantes dizem q se naõ sabe de Fructuozo Ribeiro.

Estou muito obrigádo aos meus Ajudantes d'Ordens Antonio Maria de Lacerda, Francisco Pinto d'Araujo, e com particularidade a Carlos Infante de Lacerda, que lhe tocou exporse mais vezes, e q. sempre o fez foi de grande utilidade para o bom exito do dia: O Cirurgiaõ Mór Joze Pedro de Oliveira digno dos maiores éllogios, por ficar exposto em todo o tempo da acçaõ para poder ser util como foi, naõ principiando agora a ser incançavel no exercicio do seu emprego.

Batalha de India Muerta (19 de novembro de 1816) (II): tenente João da Cunha Lobo Barreto


Memórias do tenente do 1.º Batalhão de Caçadores João da Cunha Lobo Barreto da batalha de India Muerta.

NOTA: uma légua antiga portuguesa são cerca de 6,6 quilómetros.

[17 e 18 de Novembro de 1816]
Constando ao Marechal Sebastião Pinto [de Araújo Correia] que Frutoso Rivera se achava no passo de Alferes, com uma força para obstar a sua marcha, requisitou do Brigadeiro Quevedo Pizarro mais duas companhias de caçadores, e na jornada de 18 foi emboscar em uns palmares a pouca distância do acampamento da 2.ª Brigada; logo que anoiteceu marchou sobre o passo de India Muerta.

[19 de Novembro de 1816]
Às 7 horas da manhã do dia seguinte se avistaram os primeiros bombeiros do inimigo e às 11, atravessando o passo, colocou a Tropa do outro lado em que se viam vestígios de uma guarda que poucos momentos antes tinha-se dali retirado. Imediatamente mandou o Marechal carnear e descansar a coluna em um pequeno pessegal junto a um rancho de palha, a meia légua do mesmo passo.

Não tardou a aparecer um piquete deste mesmo lado a entreter com suas escaramuças a nossa Cavalaria, que parte estava montada; e seriam duas horas da tarde quando se viu sobre as alturas que dominam o passo, que fora atravessado, a coluna inimiga, cuja força se calculou em 2000 e tantos combatentes, quase toda a cavalaria, exceto 200 negros de infantaria, e um canhão de pequeno calibre.

O Marechal Sebastião Pinto mandou formar em quadrado o Batalhão provisório, deixando aos cuidados do Major [Andrew] McGregor cobrindo a retirada e marchou com duas companhias de caçadores do 2.º Batalhão a procurar o dito passo, indo a Cavalaria da Divisão na testa da coluna e na retaguarda desta os esquadrões do Major [Manoel] Marques de Sousa.

Nesta ordem a Tropa atravessou o passo sem a menor resistência, sucedendo apenas ampantanar-se a carreta do nosso obus, única boca de fogo levada para a frente, que foi precio ser arrancada a braços por uma seção de infantaria. Posto que algumas balas da guerrilha, que fazia o requerido piquete sobre os nossos chegassem ao quadrado, não tivemos a mais leve perda durante esse trajeto.

O inimigo, frio espectador da nossa manobra e atribulação, desenvolveu a sua forte coluna em linha de batalha, formando uma meia lua a um quarto de légua do passo, tendo no centro o seu canhão e a pouca infantaria.

O Marechal Sebastião Pinto tomou posição em sua frente, colocando na direita os dois esquadrões da Divisão, no centro as quatro companhias em linha e o obus; na esquerda, os esquadrões do Major [Manoel] Marques de Sousa; as quatro companhias de caçadores em ordem estendida, cobriam toda a frente desde o passo até à direita da linha.

Assim dispostas as Tropas, mandou tocar a deitar os caçadores, e ao 1.º esquadrão da Divisão carregar de espada na mão. Sendo este acutilado com grandes perdas, ordenou ao 2.º que o socorresse, enquanto o obus fazia tiros sobre a infantaria inimiga. Então sentiu-se alguma desordem na esquerda inimiga e um corneta do 2.º de Caçadores, tocando a avançar, deu motivo a um forte tiroteio destes, que comandados e sem encontrar resistência quase alguma, principiaram seu ataque com uma intrepidez e felicidade inconcebível.

O inimigo, debandando em grande confusão, deixou em nosso poder o seu canhão, que apenas dera três tiros, sem proveito algum, e cento e tantos prisioneiros; quase todos de infantaria. A nossa perda foi de 80 e tantos homens, a maior parte de Cavalaria, incluindo neste número o Major Duarte [Joaquim Correia de Mesquita], de Cavalaria, e o Alferes [Carlos Frederico] Krusse, de infantaria, sobrinho do General Lecor, mortos; e o Tenente [Coronel] [João Vieira] Tovar [de Albuquerque], o Capitão Miguel Pereira [de Araújo] e o Major [Manoel] Marques de Sousa, este contuso e aqueles gravemente feridos.

Depois da debandada do inimigo, o Marechal mandou tocar a reunir as Tropas junto ao arroio. Seriam 4 horas da tarde, um Destacamento de Infantaria voltou à retaguarda a recolher os feridos e enterrar os mortos na ação, encaminhando-se depois, toda a Coluna, para uma casa a pouca distância do passo, onde pernoitou.
Ali se curaram os feridos, o melhor que se pôde, visto que nem botica suficiente havia; e mesmo de noite se expediu o Capitão [Carlos] Infante de Lacerda à Coluna do Brigadeiro Pizarro a requisitar uma botica ambulante.

[20 de Novembro de 1816]
Na jornada seguinte os poucos soldados de cavalaria da Divisão formaram a testa da Coluna e, à retaguarda, os esquadrões do Major [Manoel] Marques de Sousa. Não havendo um só transporte, a Infantaria foi empregue na condução de feridos, da maneira seguinte: quatro soldados, entregando suas armas aos outros camaradas, levavam aos ombros em maca de couro um daqueles; e como estes eram bastantes e se recomendava todo o cuidado na sua condução, foi esta marcha mui lenta, desordenada , e perlongada; pois se gastou todo o dia, sem comer e sem descanso até às 9 horas da noite, em que a Força se reuniu à do Brigadeiro Pizarro, que se achava 12 a 13 léguas do lugar do combate.

Se o inimigo, sabendo desta desordem, reunisse uma força de 400 ou 500 homens, dorrotaria neste dia a Coluna; a Cavalaria vinha fatigada e a Infantaria em um desfalecimento inexplicável, ocupando além disso mais um quarto de légua de cauda; e tanto é certo o que dizemos, que voltando o Ajudante-de-Ordens com a botica, escoltado de 30 cavaleiros, ao avistar-se esta pequena força, posto que tivéssemos marchado só 4 léguas, já houve bastante confusão para se fazer o seu reconhecimento, apesar de se supor que na realidade era o dito oficial que voltava.

[...]


Biografias
Tenente João da Cunha Lobo Barreto

Marechal de Campo Sebastião Pinto de Araújo Correia
Brigadeiro Francisco Homem de Magalhães Quevedo Pizarro

Fontes
- BARRETO, João da Cunha Lobo, “Apontamentos historicos a respeito dos movimentos e ataques das forças do comando do general Carlos Frederico Lecor, quando se ocupou a Banda oriental do Rio da Prata desde 1816 até 1823 (…)”, in: Revista do IHGB, vol. 196, Julho-Setembro 1947, pp. 8-10
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- DUARTE, Paulo de Queiroz, Lecor e a Cisplatina 1816-1828 ( 1.º volume), Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1984 – p. 234-236

Imagem de soldado de DVR, Ivan Wasth Rodrigues.