O chefe de divisão RODRIGO JOSÉ FERREIRA LOBO nasce em Lisboa, muito provavelmente em 1768.
Foi para o Brasil, onde assenta praça, em 13 de Maio de 1783, no Regimento de Cavalaria de Minas Gerais.
Algumas fontes indicam que era um protegido da casa dos Marialvas, nomeadamente de D. Rodrigo José António de Meneses (1750-1807), 1.º conde da Cavaleiros, e filho dos 4.ºs marqueses de Marialva. Além de partilhar os mesmos nomes próprios, o que pode sugerir uma relação de apadrinhamento religioso, a carreira do oficial acompanha proximamente a carreira do conde de Cavaleiros como dirigente colonial no Brasil (capitão general de Minas Gerais, entre 1780 e 1783, e da Bahia, entre 1784 e 1788). Não havendo provas concretas, é de crer que o jovem Rodrigo José tenha ido para o Brasil na companhia do novo governador de Minas Gerais, usufruindo do seu patrocínio na fase inicial da carreira.
Em 1784, passa ao Regimento de Artilharia da Bahia, como soldado, galgando os postos até 2.º tenente. A 30 de Janeiro de 1786, é já 1.º tenente da companhia de Galeão (ou Burlote) do regimento e comanda o bergantim Nossa Senhora da Conceição, em ação contra contrabandistas no litoral. A 6 de Janeiro de 1787, recebe carta patente de capitão de artilharia.
Passa à Armada real como
voluntário em Agosto de 1790, na fragata Minerva. Entre 1790 e 1798,
Rodrigo José esteve embarcado nas fragatas S. João Príncipe,
Carlota, S. Rafael e Tritão, tendo sido promovido a segundo tenente
a 1 de Fevereiro de 1791, a primeiro tenente, a 16 de Novembro de
1793, e finalmente a capitão tenente, 3 anos depois.
Comandou
depois, entre 1798 e 1808, os bergantins Lebre e Voador, as fragatas
Andorinha, Princesa do Brasil, S. João Príncipe e Minerva e a Nau
Medusa, de 64 peças. Durante este período foi promovido a capitão
de fragata no primeiro dia de 1800 e a capitão de mar e guerra a 17
de Dezembro de 1806. Em 1807, responde a um conselho de Guerra pela perda da fragata S. João Príncipe, de que era comandante, tendo sido absolvido.
Comanda a fragata Minerva, na esquadra que leva a Família Real ao Brasil em 1808. A 8 de Março desse mesmo ano, é promovido a chefe de divisão (posto equivalente ao atual comodoro).
Comanda a fragata Minerva, na esquadra que leva a Família Real ao Brasil em 1808. A 8 de Março desse mesmo ano, é promovido a chefe de divisão (posto equivalente ao atual comodoro).
Em 1810, é nomeado comandante da Esquadra do Estreito, na nau Vasco da Gama. É sujeito posteriormente a conselho de guerra, com base nos eventos num encontro com argelinos no dia
4 de Maio de 1810, próximo de Gibraltar, tendo sido declarado culpado num primeiro
conselho, com o mesmo resultado num segundo, num processo que durou 4 anos, e que só termina quando a 26 de Janeiro de 1815, o Príncipe Regente D. João o absolve, devido a irregularidades processuais. Em 1815, é o comandante do Arsenal Real de Marinha, não sendo certa a data da sua nomeação.
Em 1815, com cerca de 47 anos, é nomeado o comandante da esquadra que transporta a Divisão de Voluntários Reais do Príncipe ao Rio de Janeiro e a Santa Catarina. A par de Carlos Frederico Lecor e Sebastião Pinto de Araújo Correia, estes na componente terrestre, é um dos oficiais nomeados desde o início nas primeiras ordens do governo do Rio de Janeiro ainda em Dezembro de 1814.
Comandou, a partir na nau Vasco da Gama, a tomada de Maldonado, a 22 de Novembro de 1816.
Bibliografia
- Innocencio Francisco da Silva et al., Diccionario Bibliographico Portuguez, Volumes 7-8, Lisboa: Imprensa Nacional, 1862;
- Joaquim Pedro Celestino Soares, Quadros Navaes: ou, Colleccão dos Folhetins Maritimos do Patriota. Tomo I. Lisboa: Imprensa Nacional, 1861;
- Eduardo de Castro e Almeida (Org.), Inventários dos Documentos Relativos ao Brasil existentes no Arquivo de Marinha e Ultramar de Lisboa, volume 3 (Bahia, 1786-1793), Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1913 - disponível na internet aqui;
- Comissão Brasileira dos Centenários de Portugal, Os Portugueses na Marinha de Guerra do Brasil: contribuição comemorativa dos centenários de Portugal (1139-1640), Rio de Janeiro: Estados Unidos do Brasil, 1940 - disponível na internet aqui.
- Memoria dos acontecimentos mais notaveis, pertencentes aos dois concelhos de guerra feitos ao chefe de divisão, Rodrigo Jozé Ferreira Lobo, pelo encontro dos argelinos no dia 4 de maio de 1810: defeza do chefe e decisão da cauza, Londres: T. C. Hansard, 1815 - ler online.
Em 1815, com cerca de 47 anos, é nomeado o comandante da esquadra que transporta a Divisão de Voluntários Reais do Príncipe ao Rio de Janeiro e a Santa Catarina. A par de Carlos Frederico Lecor e Sebastião Pinto de Araújo Correia, estes na componente terrestre, é um dos oficiais nomeados desde o início nas primeiras ordens do governo do Rio de Janeiro ainda em Dezembro de 1814.
Comandou, a partir na nau Vasco da Gama, a tomada de Maldonado, a 22 de Novembro de 1816.
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Leia também:
Bibliografia
- Innocencio Francisco da Silva et al., Diccionario Bibliographico Portuguez, Volumes 7-8, Lisboa: Imprensa Nacional, 1862;
- Joaquim Pedro Celestino Soares, Quadros Navaes: ou, Colleccão dos Folhetins Maritimos do Patriota. Tomo I. Lisboa: Imprensa Nacional, 1861;
- Eduardo de Castro e Almeida (Org.), Inventários dos Documentos Relativos ao Brasil existentes no Arquivo de Marinha e Ultramar de Lisboa, volume 3 (Bahia, 1786-1793), Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1913 - disponível na internet aqui;
- Comissão Brasileira dos Centenários de Portugal, Os Portugueses na Marinha de Guerra do Brasil: contribuição comemorativa dos centenários de Portugal (1139-1640), Rio de Janeiro: Estados Unidos do Brasil, 1940 - disponível na internet aqui.
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- Memoria dos acontecimentos mais notaveis, pertencentes aos dois concelhos de guerra feitos ao chefe de divisão, Rodrigo Jozé Ferreira Lobo, pelo encontro dos argelinos no dia 4 de maio de 1810: defeza do chefe e decisão da cauza, Londres: T. C. Hansard, 1815 - ler online.
Boa tarde prezado Jorge Quinta-Nova,
ResponderEliminarÉ sempre um prazer ler e estudar as suas magníficas contribuições para o conhecimento da história militar portuguesa. pelas quais quero cumprimentá-lo e agradecer.
Sobre a biografia do ilustre marinheiro Ferreira Lobo, apenas acrescento que foi condecorado com o grau de Comendador da Real Ordem da Torre e Espada, por decreto de 15 de setembro de 1817, cuja imagem do original vem reproduzida no meu livro "A Viagem das Insígnias. Valor e Lealdade" (p. 142), pelos motivos que lé se podem ler: A expedição ao Rio da prata, o bloqueio de Pernambuco e o comando interino da mesma província. Terei todo o gosto em lhe enviar essa imagem, se interessar.
Muito grato pela visita e pelo elogio. Este militar tem ganho muito a minha atenção, muito pelo que a sua biografia deixa em branco, pelo que todas as adições ao seu conhecimento são, mais que bem vindas, essenciais. Ainda que esteja interessado em adquirir o livro que refere (e que não fazia ideia que existia), estou sem dúvida interessado em ver essa imagem. Também estaria interessado em publicitar o livro nos canais que tenho para divulgação. Somos uma comunidade pequena e por vezes separada demais. Muito obrigado pela visita.
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