O Combate de Guaviyu teve lugar a 7 de Abril de 1818, junto ao arroio de Guavyiu, a cerca de 50 quilómetros a norte de Paysandú.
Teve lugar no âmbito de uma ofensiva levada a cabo pelo tenente general Joaquim Xavier Curado e as suas forças da capitania do Rio Grande, desde finais de Março, sobre a costa oriental do Uruguai, que penetrou até Paysandú, onde entrou e arvorou a bandeira portuguesa no dia 9.
Teve lugar no âmbito de uma ofensiva levada a cabo pelo tenente general Joaquim Xavier Curado e as suas forças da capitania do Rio Grande, desde finais de Março, sobre a costa oriental do Uruguai, que penetrou até Paysandú, onde entrou e arvorou a bandeira portuguesa no dia 9.
A 6 de Abril, o marechal de campo João de Deus Mena Barreto, coronel do Regimento de Milícias do Rio Pardo, é destacado do exército com 1,030 homens, quase exclusivamente de cavalaria, e 180 infantes da Legião de S. Paulo, correspondendo a um quinto da força (e sem artilharia, uma situação pouco comum), com ordens de atacar uma força que se presumia fosse comandada em pessoa por José Artigas. Artigas esteve de facto em Guaviyu, a 4 de Abril, pelo menos, mas já não estava lá a 7.
A divisão portuguesa perde-se durante a noite tempestuosa de 6 para 7, mas ao recuperar a orientação depara-se com a proximidade da força oriental. Na verdade era uma vanguarda de Artigas, comandada pelo capitán Pablo Castro, constituída por entre 400 e 500 homens, incluindo uma peça de calibre 2.
Não há uma informação clara de quanto tempo demorou a ação, mas o comandante português informa que terá sido rápido, o que não é difícil de aceitar tendo em vista a desproporção de forças a favor dos lusitanos.
Não há uma informação clara de quanto tempo demorou a ação, mas o comandante português informa que terá sido rápido, o que não é difícil de aceitar tendo em vista a desproporção de forças a favor dos lusitanos.
Nesta fase do conflito, as forças orientais de José Artigas já não tinham a mesma facilidade em recrutar, até porque estavam em guerra também com os centralistas de Buenos Aires. A Banda Oriental continuava a ser pacificada durante o ano, com as forças portuguesas a assumir uma postura de contra-insurgência, com a captura de muitos líderes militares orientais. Juan Antonio Lavalleja, por exemplo, é capturado a 3 de Abril, na área.
ORDEM DE BATALHA
~ Forças da Capitania do Rio Grande de S. Pedro
Comandante - MarCamp João de Deus Mena Barreto
Regimento de Milícias do Rio Pardo, Cavalaria (regimento todo)
(tenente coronel graduado Francisco Barreto Pereira Pinto)
150 efetivos, Lanceiros de Entre Rios (Regimento de Voluntários Reais de Entre Rios, tornado regimento a DATA)
1 esquadrão, Regimento de Dragões do Rio Grande
(tenente José Luís Mena Barreto)
1 esquadrão, Regimento de Milícias de Porto Alegre
(capitão graduado Manuel Inácio Salazar)
180 efetivos, Infantaria da Legião de Voluntários Reais (S. Paulo)
(sargento mor graduado Joaquim da Silveira Leite)
Total de 1,030 efetivos
Baixas Portuguesas
1 soldado morto (RMRP), e 2 feridos ligeiros
~ Forças da Liga dos Povos Livres (Orientais)
Comandante - Cap Cav Pablo Castro
400-500 efetivos
1 peça de calibre 2
Não há referências, nas fontes portuguesas, à estrutura das forças orientais, mas será de supor que fosse a regular predominância de cavalaria, com pouca infantaria.
Efetivos:
“sendo as suas forças seis centos homens” (Mena Barreto) ; “400 e tantos homens pertencentes a Divisão de Lavalhega” ('Noticia')
Joaquim Xavier Curado refere 500 homens em carta a Lecor.
Mena Barreto parece exagerar ligeiramente, quando fala de 600, mas parece-me certo que fossem entre 400 a 500, entre tropas e eventuais acompanhantes.
Baixas Orientais
266 prisioneiros, incluindo 12 oficiais
133 mortos (contados no campo de batalha)
Memória do marechal de campo João de Deus Mena Barreto, o comandante português da ação
Ill.m° eEx.m° S.°r
[6.4.1818, Noite] Eu marchei em consequencia das determinações de V Ex.a na noite do dia 6 a atacar Artigas, todas suas forças no arroio Guavejú. O meu destacamento compunha-se de todo o meo Regimento de Melicias do Rio Párdo; cento e cencuenta Lanceiros d Entre Rios; hum Esquadrão de Draçoens; outro de Melicias de Porto Alegre, e cento e oitenta de Infantaria da Legião de S Paulo, que fazia o todo; mil e trinta homens bem capazes de rectificar a gloria de que se tem coberto; a coluna do comando de V Ex.a o meo primeiro passo foi montar a Infanteria para acelerar a minha marcha: eu tinha de caminhar sete a oito legoas que as devia conseguir antes do dia sete; e o projecto hera surprender o inimigo no seo proprio acampamento.
Com estas entençoens eu marchava com todo o silencio, mas a noite se fez tormentoza com groças pancadas d'agoa acauzionou a perdida do prático que me guiava, e por tal successo mandei fazer alto, tendo já marchado seis legoas sobre o arroio Guavejú, ou suas pontas, nesta posição eu esperava o dia para o acerto do guia, e então descobertamente atacar o inimigo, que não devia estar muito destante, [7.4.1818] o dia principiáva a zair, e logo accidentalmente me surprenderão os meos espias com a noticia dos insurgentes tão proximos que pude ouvir o seo toque d alvorada, sem que me tivessem percebido.
Com este successo dispús a minha Devisão para o combate; examinei o campo do inimigo, e igualmente no mesmo arroio Guavejú coberto pela sua retaguarda com hum bosque, e grande lago que os tornáva bem fortes para huma Obstinada resestencia, e sem dilonga fiz avançar hum Esquadrão de Melicias do Rio Pardo ás disposiçoens do Capitão Antonio de Medeiros da Costa, asegurarme de huma posicão vantajoza que pude Observar e por onde o inimigo se podia retirár quando eu força se toda a extenção da sua frente:
depoes desta providencia determinei que o Esquadrão de Dragoens seguise a ocupar a frente do inimigo, e chamando o a atenção me desse lugar a introduccão da Infanteria no mato, e por onde atacassem vigorozamente:
Estas tropas marcharão, então adiantei mais hum Esquadrão de Melicias tomando a esquerda de Dragoens, em cuja ponto eu deveria de rouvolver o resto da Cavalaria tendo ja dente mão prevenido a minha reserva, e feito destacar o corpo de Lanceiros para humas alturas bem capaz de perseguir os desbandados:
Nesta Ordem caminhei para o inimigo, e bem perto da nova linha que havia determinado, mandei fazer alto, e conservei-me em Coluna em quanta determinava as ultimas Ordens para o combate:
O inimigo disparou seos tiros de pessa sobre o Esquadrão de Dragoens, toda a sua linha estava formada sobre o bosque que cobria a retaguarda. Nestas circunstancias julguei conveniente não retardar a victoria as armas de S Mag.e e logo então determinei que aos primeiros tiros da nossa Infanteria que tinha entrado no mato pelo flanco direito se carregase o Inimigo tão universal, como intrepidamente.
A Infanteria conseguio o que me tinha disposto, e detalhado: romper o fogo que os insurgentes não esperavão, e ao seo estrondo desembrulhei toda a Cavalaria, ataquei, e en hum momento tive a gloria de aununciar os vivas a S. Mag.e que forão repetidos ainda com os tenidos das Espadas da nossa Cavalaria, e o fogo vivissimo da Infantaria que aquecendo os inimigos pela retaguarda entregarão-se aos exforçados golpes dos Esquadroens.
O Nome de S. Mag.e retumbava, e por todas as Tropas inda no calor da acção, e a proporção que se repetia com aquele entusiasmo que sempre se observou nos Vassalos do mais querido dos Soberanos do mundo, as nossas forças se multiplicavão, e o inimigo sobre aterra despedaçados formavão o espetaculo mais vivo da nossa fedelidade, e coragem, e o crime de tão indignos contendores, que sendo as suas forças seis centos homens só se escaparão tres de Cavalaria. A destruhição total desta vanguarda d Artigas, ao comando de D Paulo Castro Capitão de Cavalaria deveria certamente, tanto pelo estrondo dos tiros, como pelos vigiadores por-se em fuga aquele Chefe dos insurgentes.
O n.° dos mortos que forão contados no campo do combate chegarão a cento, e trenta e tres, alem de muitos que se virão cahir carregados pelos Lanceiros, e os enfenitos que se lançávão no grande lágo conde se affogarão, e aonde lançavão armas, espadas, e seis mil cartuxos com confessão os prizioneiros que sao duzentos e sessenta, e seis, inclusive doze Officiaes e de toda a clase; huma Pessa de Calibre dois; duzentas e trinta e cinco armas; cento e quatorse espadas, cincoenta e duas pistolas, oito caixas de Guerra; hum Clarim; huma Corneta; huma bandeira com emblema de liberdade, seis centos cavalos; e muitas cartoxeiras.
Sou obrigado a fazer justiça geralmente ao valor, bizarria e constancia dos Offeciaes, e Offeciaes inferiores, e Soldados que formão esta Devizão, devo com tudo recomendar a V Ex.a com especialidade para que apareção na Augusta prezença de S Mag.e O Tenente Coronel Francisco Barreto Pereira Pinto; o Capitão Bento Manoel Ribeiro; o Tenente Oliverio Joze Ortiz; todos estes do meo Regimento: de Dragoens o bravo Tenente Joze Luis Mena Barreto, e o Alferes Joze Joaquim da Cruz; estes Officeaes merecerão elogios de toda a Tropa e tudo meo dever não omitir nesta ocazião a bravura com que atacarão, eaboa ordem com que marcharão os seos Soldados, e por se fazerem muito dignos tenho a satisfação de derigir a V Ex.a a rellação dos Offeciaes e Offeciaes inferiores que mais se destinguiarão, com esta são tres vezes que tenho recomendado nos minhas partes d'ataques, e combates o Capitão Bento Manoel Ribeiro, e o Reverendo Capellão Feliciano Joze Rodrigues Prates, e prezente insto a V Ex.a que bem conhece os seos merecimentos para os levar com destinção a prezença de S Mag.e.
Tenho a Gloria de partecipar a V Ex.a que hum só soldado de Melicias de Porto Alegre perdi [por] hum tiro de mosquete, e que dois do meo Regemento, e hum d' Infanteria forão levemente feridos.
O felis rezultado desta acção com tão piquena perda da nossa parte, he devido a V Ex.a que tão sabia como prudente me tem guiado com instruçoens tão melitares para o dezempenho dos meos mais sagrados deveres, e huma prova incontestavel que o grande Deos Senhor dos Exercitos cobre com a sua mão direita as armas dos Fieis Portuguezes para gloria do mais justo dos Soberanos.
Deos guarde a V Ex.a
Pontas de Guavejú sete d'Abril de 1818
Ill.m° e Ex.m" S.°,Tenente General Comandante Joaquim Xavier Curado = João de Deos Menna Barreto
Rellacão dos Offeciaes, e Offeciaes Inferiores que cheios de Valor, e constancia se distinguirão na acção do dia sete do Corrente que tive a honra de os comandar e que os recomendo a protecção de V Ex.a
Regimento de Dragoens, o Tenente Joze Luis Menna Barreto. Alferes Joze Joaquim da Crus. Furriel Vasco Joze Ignacio .
Infantaria de S Paulo, Sargento mor graduado Joaquim da Silveira Leite. Capitão Joze Joaquim de S Anna. Alferes Manoel Soares.
Melicias do Rio Pardo, Tenente Coronel graduado Francisco Barreto Pereira Pinto. - Sargento mór graduado Francisco Alves da Cunha. Capitães Bento Manoel Ribeiro, Antonio de Medeiros da Costa. Tenente Oliverio Joze Ortiz. Ditos agregados - Paulo Ribeiro de Souto maior. Joze Cardozo de Souza. Alferes Antonio Pinto d Azambuja. Furriel Bento Joze Bragança. Porte Estandarte. Joze Xavier d Azambuja R.°° Capelão Felicianno Joze Roiz Prates este Padre fez as Campanhas de 1811, e de 1812, a de 1817, e continúa na de 1818, tem asestido a batalha de Catalan, combate de Ibiroucay, e de guaveju, com valor, he o primeiro que aparece nos fileiras entre o fogo, animando a tropa o mais que he possivel.
Regimento de Porto Alegre - Capitão graduado Manoel Ignacio Salazar. Tenente Demetrio Ribeiro de Sa. Alferes Jeronimo Joze de Vargas. Furriel Henrique Joze da Silveira.
Acampamento em Guaveju oito d'Abril de 1818
O Marechal João de Deos Menna Barreto
Realmente, João de Deus Menna Barreto derrotou a infantaria de Artigas em Guabiju no dia 07 de abril de 1818 na Segunda Intervenção no Prata, determinada por Dom João VI. Os Brasil já era Reino Unido de Portugal e Algarve. Dom João VI, geopolíticamente, teve a intenção de se contrapor às Províncias Unidas do Rio da Prata e seu projeto de anexar a Banda Oriental. Os orientais estavam sob o comando do Tenente-Coronel Pablo Castro. Entre mortos, feridos e prisioneiros, os orientais tiveram 430 mortos. Luiz Ernani Caminha Giorgis, Presidente da AHIMTB/RS.
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