"Quando, já ancião e no remanso do lar, lhe fallava algum parente ou amigo nos seus feitos da guerra liberal de 1833, Saldanha escutava modesto as façanhas que lhe recordavam, sorria-se, esfregava as mãos, e ouvia-se-lhe murmurar, como simples echo do seu pensamento: «Mas aquella Montevideu! O que alli se fez!» E calava-se, tornava-se-lhe serio o rosto, e logo despertando do seu entresonho, como que tendo saído das planícies montevideanas onde o pensamento o transportára por momentos aos seus verdes anos, aos seus companheiros de armas jovens como elle e n'aquelle instante mortos já todos, levava as mãos aos cabellos e dizia então a valer, para os que o rodeavam, como se involuntariamente o não houvera já dito: “Aquella Montevideu!”
António da Costa, História do Marechal Saldanha (tomo I), Lisboa, Imprensa Nacional, 1879. página 89.
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- A Baía de Maldonado
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“[...] diz o seu principal biógrafo [D. António da Costa], que esse período da sua vida militar deixou fundos sulcos na memória do futuro Marechal; na velhice, recordava com mais interesse os episódios de Montevidéu do qualquer outra campanha. Quando falava deles “toda a fisionomia se lhe iluminava...” contou depois Bulhão Pato."
LEIA
- Biografia (até 1816):
https://dvr18151823.blogspot.com/2018/02/1-brigada-joao-carlos-de-saldanha-de.html
- Saldanha, o alferes de veteranos e o combate de Toledo (5 de Maio de 1817):
https://dvr18151823.blogspot.com/2017/09/o-duque-de-saldanha-e-acao-de-toledo-5.html
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