segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Memórias: “Diário de um oficial superior de Cavalaria de Setembro de 1815 a Maio de 1816”

“Diário de um oficial superior de Cavalaria de Setembro de 1815 a Maio de 1816”.  Consta de um pequeno caderno que tem escrito "9º diário". 68 pp. manuscritas, no Arquivo Histórico Militar, AHM 2/1/14/63

Por exclusão de partes, com base na informação que o autor dá no texto, identifiquei o “oficial superior de cavalaria” como o major João Nepomuceno de Lima, um dos dois majores que viajaram para o Brasil com família, mas o único que navegou na nau Princesa do Brasil. No texto, todos os outros oficiais superiores de cavalaria são referidos na terceira pessoa, nomeadamente quando indica os comandantes dos diversos exercícios e mostras. No texto, aparece por várias vezes a indicação de que o autor pertence ao 2.º Corpo, o que fortalece mais a pretensão.

A ortografia do texto é modernizada, tendo as partes apresentadas sido selecionadas de 68 páginas manuscritas, tendo em atenção os meus interesses particulares, nomeadamente o treino e vida em guarnição das cavalaria e artilharia da Divisão de Voluntários Reais do Príncipe, tanto em Belém, como no Rio de Janeiro e depois em Santa Catarina. Adaptei o menos possível o texto, mas poderá não estar totalmente exato, além de ter muitas partes truncadas.
De salientar, por último, que o autor abarca oito meses neste seu 9.º diário, o que nos permite calcular que os seu primeiro diário, com o mesmo número de meses, terá sido iniciado por volta de outubro de 1809. Infelizmente só o 9.º está no Arquivo Histórico Militar. Muitos destes diários mais antigos cobrirão decerto a Guerra Peninsular.

DADOS BIOGRÁFICOS
João Nepomuceno de Lima foi promovido a alferes da 8.ª companhia do Regimento de Cavalaria n.º 4 (Mecklemburgo, Lisboa), em 12 de dezembro de 1810. Pouco mais de um mês depois,  a 23 de janeiro de 1811, é promovido a tenente da 3.ª companhia e, dois anos depois, a 17 de abril de 1813, a capitão da 5.ª companhia. É daqui que João Nepomuceno é promovido, em 26 de junho de 1815, a Major do 2.º corpo de Cavalaria da Divisão de Voluntários Reais. Em 1810, já não está na Divisão e e em 1822 aparece como major reformado em Salvador. Recebe a Estrela de Ouro de Montevidéu, em 1825, como major na disponibilidade.

Fontes
MACHADO, F. S. de Lacerda, O Tenente-general Conde de Avilez (1785-1845) (2 v.), Gaia, Edições Pátria, 1931.


Mapa com os locais descritos no diário

* * *

“Diário de um oficial superior de Cavalaria de Setembro de 1815 a Maio de 1816”.  

[O diário inicia em setembro de 1815]

2.9.1815 (sábado) – Fizeram exercício os dois corpos de cavalaria na presença do general da divisão [tenente general Carlos Frederico Lecor];

8.9.1815 (6.ª feira) – Da meia noite do dia 7 à uma da manhã de 8, houve um duelo entre o capitão [António José] Gama [Lobo] do 3.º Batalhão, e o alferes João Inácio Xavier do 4.º Batalhão, de que resultou ficar o capitão morto e o alferes ferido;
10.9.1815 (domingo) – Passou em continência, e fez exercício, o 1.º e 2.º corpos de cavalaria em presença do ministro da guerra e depois a artilharia;
11.9.1815 (2.ª feira) – Passaram mostra os dois corpos de cavalaria e artilharia – E depois embarcaram na fragata Fénix, e Príncipe D. Pedro, e nos navios Princesa do Brasil e Oceano;
12.9.1815 (3.ª feira) – Chuviscou;
13.9.1815 (4.ª feira) – Embarquei com a minha família a bordo do navio Princesa do Brasil (dia enublado), às 3 horas da tarde;
14.9.1815 (5.ª feira) – Dia enublado. A bordo do navio;
15.9.1815 (6.ª feira) – A bordo; choveu muito toda a madrugada;
16.9.1815 (sábado) – A bordo. Mau tempo. Saiu o Oceano que estava para ir connosco, indo comboiado pela fragata Pérola;
17.9.1815 (domingo) – Excelente dia. Demos à vela às 3 horas e um quarto da tarde, tendo estado fundeados defronte do largo de Belém, com maré de vazante, e vento norte = e juntamente, as fragatas Fénix e Príncipe D. Pedro.

[travessia do Atlântico]

26.9.1815 (3.ª feira) – (vento freco) Levantaram-se os soldados da 5.ª companhia, querendo conspirar-se contra os oficiais, e chegaram a atacar a guarda; porém, acomodou-se com pancadas – podia haver terrível consequência por se irem envolvendo soldados de outras companhias – os capitães [José de Barros e] Abreu e Filipe [Neri de Oliveira], que pressentiram o levantamento, o atalharam com a espada na mão;

[travessia do Atlântico]

12.11.1815 (domingo) – Avistou-se o Cabo Frio ao romper do dia = e duas sumacas pela manhã com rumo para o Rio. De Cabo Frio à Barra são 18 léguas – A costa é monstruosa e cheia de ilhas pequenas e inabitadas – às 9 da noite falámos a uma escuna, Correio da Bahia, que também andava pairando, a qual trazia 8 dias de viagem;
13.11.1815 (2.ª feira) – Muita névoa até às 9 da manhã, e depois dia muito claro, falámos a uma sumaca, que vinha do Rio da Prata com 43 dias de viagem – que entrou, e juntamente um bergantim carregado de escravatura da costa de África = Na entrada da barra à direita, fica o Forte de Santa Cruz à esquerda o de [espaço em branco] = Também há alguma ilhas como a das Cobras, que fica um tiro de pedra da cidade de S. Sebastião, uma laje a que chamam a ilha dos Ratos – Há também a ilha das Enchadas, onde está o hospital do ingleses, que serve para o da Divisão. Deu fundo o navio às 15 horas. Ainda não tinham chegado as fragatas.
14.11.1815 (3.ª feira) – Fui à Praia Grande, pela manhã cedo, falar ao coronel João Carlos de Saldanha [de Oliveira e Daun] [...] quartéis, e mais [...] o 2.º corpo, o que efectuei, ficando aquartelado na Armação, onde já se achava a artilharia da divisão, que tinha vindo no Oceano, o que tinha chegado a 10 dias antes. Os soldados ficaram muito bem aquartelados, porém os oficiais ficaram pessimamente em quartéis na Praia Grande;
15.11.1815 (4.ª feira) – Houve uma revista passada pelo Ajudante General Sebastião Pinto [de Araújo Correia] – chuviscou todo o dia. A revista foi ao 2.º corpo de cavalaria [...];

Rio de Janeiro, Paço Real, 1818 (wikicommons)


17.11.1815 (6.ª feira) – Chuviscou. Fui à cidade. Estive com o visconde de Barbacena, e [tenente coronel João Vieira] Tovar [e Albuquerque].

19.11.1815 (domingo) – Fui à cidade visitar o marechal Beresford, o Sebastião Pinto, e [tenente coronel António Feliciano Teles de Castro] Aparício, e [...] José Egídio [Álvares de Almeida, secretário particular do Príncipe-Regente];

23.11.1815 (5.ª feira) – Fomos visitar em corporação Beresford, [António de Azeredo] Araújo e marquês de Aguiar [D. Fernando José de Portugal e Castro];

25.11.1815 (sábado) – Revista aos dois corpos de cavalaria, passada pelo coronel Aparício;

28.11.1815 (3.ª feira) – Revista passada pelo Ajudante General nos quartéis da Armação, em fato de polícia. Trovejou à tarde;

[...]

4.12.1815 (2.ª feira) – Houve exercício aos dois corpos de cavalaria em fato de polícia, e espada, comandado pelo coronel Aparício = Trabalhou-se mal porque o dito coronel, charlatão de primeira ordem, principiou a partir com os oficiais, sem tom, nem som, a fim de mostrar a alguns espectadores, que nada entendem de manobra, que à excepção dele, ninguém mais sabia coisa alguma = Porém a sua impostura é conhecida – Assistiu ao exercício o Ajudante General Sebastião Pinto. À tarde, veio o marechal Beresford, e foi ver os dois corpos, que o dito coronel tinha mandado ir à tarde, para lhes fazer exercício em fato de polícia, e espada. Não gostou de que os corpos fossem naquele vestuário, e que não trabalhassem a pé, como a infantaria. isto é culpa do dito coronel;
5.12.1815 (3.ª feira) – Beresford passou revista às 5 da manhã aos dois corpos e fez exercício – À tarde pela 5 também se formaram os dois corpos, e a artilharia, e passaram em continência, o que fizeram bem, e mandou-os embora. – Adoeci com uma inflamação de pele – Foi o marechal para a cidade;
6.12.1815 (4.ª feira) – Fiquei de cama. Exercícios de manhã e tarde;
7.12.1815 (5.ª feira) – Fiquei em casa. Exercícios de manhã e tarde. Veio o Príncipe de Santa Cruz para a cidade;

9.12.1815 (sábado) – Os oficiais superiores foram baijar a mão ao Príncipe. Não fui por estar doente. Exercício à tarde;
10.12.1815 (domingo) – Foram os oficiais de cavalaria em corporação beijar a mão ao príncipe;
11.12.1815 (2.ª feira) – Exercício à tarde;
12.12.1815 (3.ª feira) – Exercício de manhã e tarde;
13.12.1815 (4.ª feira) – Exercício de manhã e tarde;
14.12.1815 (5.ª feira) – Exercício de manhã e tarde;
15.12.1815 (6.ª feira) – Exercício de manhã e tarde;
16.12.1815 (sábado) – Exercício de manhã e tarde. Fui beijar a mão a Sua Alteza Real;
17.12.1815 (domingo) – Aniversário da rainha. Fui à cidade com a família. Vim da cidade às 23 horas.
18.12.1815 (2.ª feira) – Exercício de manhã e tarde;
19.12.1815 (3.ª feira) – Exercício às 4 horas da manhã no Campo de S. Bento, onde se achou Beresford. À tarde, exercício de espada no Campo de D. Helena;
20.12.1815 (4.ª feira) – às 5 horas da manhã no Campo de S. Bento, onde esperávamos Sua Alteza Real, porém ele foi em direitura aos quartéis da Armação, onde somente achou alguns doentes, e mulheres pertencentes aos corpos. À tarde, Sua Alteza Real passou revista aos corpos de cavalaria e artilharia, e depois de se passar em continência, o 2.º corpo fez o manejo de espada, com o ataque e a defesa – à noite, deu beija mão, em que mostrou a maior satisfação a toda a oficialidade, e aos corpos;
21.12.1815 (5.ª feira) – Manobra para sua Alteza, às 6 da manhã, no Campo de São Bento, do que ficou muito satisfeito. À tarde, deu o marechal ajudante general um jantar diplomático. À noite, beija mão;
22.12.1815 (6.ª feira) – Exercício no Campo de S. Bento a um esquadrão de 30 filas do 1.º corpo de cavalaria que montou em cavalos dos milicanos; o 2.º corpo esteve vendo formado em coluna cerrada, depois trabalhou a  artilharia em atirar ao alvo, onde fez excelente pontaria [...] granadas de lanternetas (?), tudo isto diante de sua Alteza. à tarde, exercício de espadão o 1.º corpo no Campo de D. Helena. Os corpos passaram primeiro em continência.
23.12.1815 (sábado) – Sua Alteza Real foi ver os quartéis da Armação.
24.12.1815 (domingo) – Foi Sua Alteza para a cidade pela manhã. O marechal general Beresford foi com o ministro da guerra Araújo ver os quartéis dos soldados;
25.12.1815 (2.ª feira, Natal) – Pedi licença até 31 do corrente = Temporal de vento e chuva das onze horas da noite para diante;
26.12.1815 (3.ª feira) – O mesmo tempo toda a madrugada. Fez bom dia. Fui ao beija mão à cidade;

29.12.1815 (6.ª feira) – Fui à cidade;
30.12.1815 (sábado) – Fui à cidade com a minha família, e lá ficámos;
31.12.1815 (domingo) – Fui beijar a mão ao Príncipe com minha família;

[1816]

1.1.1816 (2.ª feira) – Voltei para a Praia Grande pela manhã;
2.1.1816 (3.ª feira) – Embarcou trem da artilharia da divisão;
3.1.1816 (4.ª feira) – Continuou a embarcar trem da artilharia. = Fui à cidade;
4.1.1816 (5.ª feira) – Fui à cidade. Houve uma revista passada pelo coronel Aparício aos soldados em fato de polícia na Armação;

7.1.1816 (domingo) – Houve uma revista aos soldados em ordem de marcha nos quartéis da Armação passada pelo coronel Aparício;
8.1.1816 (2.ª feira) – Houve uma revista em fato de polícia, no dito sítio, passada pelo dito coronel. À tarde embarcou a tropa a bordo das fragatas Fénix, Príncipe D. Pedro, brigue Lebre, e fragatinha voador, e dois bergantis da praça Atrevido e Previdente [...];
9.1.1816 (3.ª feira) – Embarquei com a minha família a bordo da fragata Príncipe D. Pedro, onde embarcou a artilharia, e a 5.ª companhias do 2.º corpo e parte da 4.ª;
10.1.1816 (4.ª feira) – Fui à cidade com a minha família, onde jantámos;
11.1.1816 (5.ª feira) – Fui à cidade;
12.1.1816 (6.ª feira) – Fui à cidade e levantou a fragata o primeiro ferro;
13.1.1816 (sábado) – Levantámos os segundo ferro, de madrugada, e fomos dar fundo à Boa Viagem próximo à Torre de Santa Cruz, por falta de vento;
14.1.1816 (domingo) – Fizemos à vela às 5 da manhã, excelente dia, vento em pompa. Diminuímos pano por causa dos brigues Atrevido e Previdente;

17.1.1816 (4.ª feira) – Claro, o mesmo vento, bonança. – Avistámos o Morro pela manhã, e pela tarde passámos por entre a ilha do Arvoredo e terra firme. Demos fundo já noite na Enseada dos Ganchos, uma légua distante da ilha do Arvoredo;
18.1.1816 (5.ª feira) – Excelente dia = Suspendemos ferro e fizemos à vela pelas 7 horas da manhã, e fomos dar fundo entre as fortalezas da Ponta Grossa que está na ilha, e a de Santa Cruz, que está na terra firme a 4 léguas e meio distantes da Vila;
19.1.1816 (6.ª feira) – Desembarcámos pelas 8 até 9 horas da manhã de bordo da fragata, e desembarquei com a minha família no trapiche em Santa Catarina às uma e meia da tarde. Neste dia, desembarcou a tropa das outras embarcações, tendo principiado a desembarcar na véspera;
20.1.1816 (sábado) – Desembarcou o resto da tropa. À tarde, fez mau tempo com chuva e vento e trovoada;
21.1.1816 (domingo) – Continua o tempo. Chuviscou. O governador da Ilha [Luís Maurício da Silveira, ?] deu um jantar aos oficiais superiores;

[...]

1.2.1816 (5.ª feira) – Passaram mostra os corpos de cavalaria e artilharia;

4.2.1816 (domingo) – Fui passar o dia a uma chácara com a minha família.

8.2.1816 (5.ª feira) – Houve exercício aos dois corpos de cavalaria [...];
9.2.1816 (6.ª feira) – Revista à vista do brigadeiro [Bernardo da] Silveira [Pinto];

11.2.1816 (domingo) – Fui passar o dia a uma chácara com a minha família = choveu, e trovejou à tarde, e princípio de noite;
 14.2.1816 (4.ª feira) – Excelente dia = Houve uma revista e exercício aos corpos de cavalaria pelo coronel;

[...]

23.2.1816 (6.ª feira) – Excelente manhã, e à tarde fizeram trovoadas terríveis com muita chuva;
24.2.1816 (sábado) – Excelente dia = Fui com a minha família, e outra pessoas de amizade embarcados passar o Entrudo a uma chácara.
25.2.1816 (domingo) – Domingo de Entrudo;

28.2.1816 (4.ª feira) – Voltámos para a Vila por terra;

1.3.1816 (6.ª feira) – Passou mostra de Tesouraria o 1.º corpo de cavalaria;
2.3.1816 (sábado) – Passou mostra o 2.º corpo, e artilharia;
3.3.1816 (domingo) – Chegou o resto da cavalaria, que tinha ficado em Lisboa.
4 e 5.3.1816 (2.ª e 3.ª feira) – Muito calor;

8.3.1816 (6.ª feira) – Calor = Trovejou e chuviscou de tarde e à noite;
9.3.1816 (sábado) – Calor = Vieram a enterrar dois marujos mortos por um raio, que caiu em um bergantim ontem, deixando outro homem quase morto;
10.3.1816 (domingo) – Fui às águas férreas com a minha família. Tro[v]ejou, e choveu à tarde e à noite;

14.3.1816 (5.ª feira) – Exercício às 6 da manhã;

30.3.1816 (sábado) – Comprei um cavalo por 11[$000]
1.4.1816 (2.ª feira) – Mostra de Tesouraria à cavalaria, e artilharia = dia enublado, vento e chuvisco;

3.4.1816 (4.ª feira) – Chegou um brigue com a notícia da morte da rainha;
5.4.1816 (6.ª feira) – Formou a cavalaria com armas em funeral;
6.4.1816 (sábado) – Fui para a chácara com a minha família = choveu e ventou à noite;

[...]

11.4.1816 (5.ª feira) – Endoenças. Excelente dia;
12.4.1816 (6.ª feira) – Paixão;
13.4.1816 (sábado) – Aleluia. Fui ao continente e comprei um cavalo por 6200 [?], vim com a família da chácara;
14.4.1816 (domingo) – Páscoa;

[...]

22.4.1816 (2.ª feira) – Fui para a Chácara com a minha família, e fui conduzir um major preso a Santa Cruz = 4 léguas e meia da vila. É uma fortaleza construída em um ilhote, que fica distante do continente um oitavo de légua = Fui dormir à Cacixa (?), um lugar de pescadores = Às 4 horas da manhã embarquei, e arribámos à ilha por causa de um aguaceiro, em um sítio chamado Sambaquí, e fomos eu, o capitão Filipe Neri [de Oliveira], e um negociante, Monteiro, que me acompanharam até a freguesia de Santo António a pé. Santo António está à borda do mar, e é muito ameno. Não posso dizer quantos vizinhos tem. Embarcámos às 10 horas e chegámos à Praia de Fora, que são três léguas à 1 hora da tarde = Muito vento e chuvisco toda a tarde. Fui para a chácara onde estava a minha família;

2.5.1816 (5.ª feira) – Mostra de Tesouraria;

[...]

5.5.11816 (domingo) – Fui para a vila com a família = Comprei um cavalo por 4[$000];
6.5.1816 (2.ª feira) – Exercício de manhã; e à tarde espadão comandados por Tovar;
7.5.1816 (3.ª feira) – Exercício de manhã e tarde, comandados por [António Manuel de Almeida Morais] Pessanha;

9.5.1816 (5.ª feira) – Excelente dia. = Tive uma dor de cólica furiosa. Exercício comandado por Duarte [Joaquim Correia de Mesquita];

13.5.1816 (2.ª feira) – Anos de Sua Alteza Real o Príncipe Regente. = A cavalaria e a artilharia dos Voluntários Reais do Príncipe formaram-se na praça, e deram descargas e fogo de alegria;

16.5.1816 (5.ª feira) – Dia enublado, e chuva; Exercício comandado por [António de] Castro [Ribeiro];
17.5.1816 (6.ª feira) – Exercício, e espadão, comandados por mim. Dia enublado;

20.5.1816  (2.ª feira) – Exercício comandado pelo coronel. = Choveu todo o dia;
21.5.1816 (3.ª feira) – Excelente dia. Exercício comandado pelo capitão [José António] Esteves [de Mendonça e Sá];

23.5.1816 (5.ª feira) – Ascensão.

[Diário acaba no dia 31.5.1816]

sábado, 24 de setembro de 2016

Ação de Chafalote (24 de setembro de 1816)




A ação de Chafalote consistiu num combate de cavalaria no teatro oriental, junto à costa atlântica, na fase inicial das operações, em que uma pequena força portuguesa de cavalaria, do Exército do Brasil, atacou e desbaratou um acampamento de tropas orientais junto ao arroio Chafalote.

Antecedentes
Após ter tomado de surpresa o forte de Santa Teresa, a 16 de agosto [LEIA], o sargento mor Manoel Marques de Sousa ficou à espera da vanguarda da Divisão de Voluntários Reais, conforme as suas ordens. Manteve, durante esse período, a observação do inimigo, que estava ainda na área de Maldonado, mais a sul, sob o comando de Rivera. As forças orientais ainda estavam a formar-se e no geral eram milícias sem treino e afastadas do teatro de operações a Oeste, bastante ativo desde 1813, contras as forças de Buenos Aires.

A Vanguarda chega ao forte a 1 de setembro, e faz a ligação com os dois esquadrões de Manoel Marques de Sousa. Após um período de confusão acerca da forma como as tropas locais colaborariam de futuro com a Divisão (algo que é comum em toda a campanha e em todos os teatros), Marques de Sousa acaba por ser integrado à Vanguarda, sendo o seu conhecimento local e experiência militar muito valorizados.

A 5 de Setembro, dá-se a ação de Castillos, em que uma partida portuguesa de 30 cavaleiros, comandados pelo tenente Joaquim José de Bettencourt, da Legião de S. Paulo, é batida por forças orientais em Castillos, comandada pelo capitão Eusebio Gómez (Sebastião Pinto diz ser de 200 efetivos, mas Marques de Sousa fala de 60 a 70).

Ao receber a notícia no forte de S. Teresa, o marechal de campo Sebastião Pinto de Araújo Correia (comandante da vanguarda) envia uma partida de apoio bastante substancial, mas já não encontra o inimigo, e confirma a extensão do desastre, que custou a captura de quase toda a partida, e pelo menos duas mortes.



A Ação
A 23 de Setembro, Manuel Marques de Sousa é encarregado por Sebastião Pinto de ir observar as posições do inimigo na área a sul de Castillos , com um esquadrão de 100 homens, da Legião de S. Paulo e da Legião de Cavalaria do Rio Grande.

Ao amanhecer do dia 24, ao transpor o passo do arroio Chafalote (onde existe hoje a povoação de 19 de Abril), Sousa topou o acampamento inimigo e bateu as forças orientais (Sousa calcula-as em 200 efetivos), obrigando-as a fugir, provocando 13 mortos e 20 prisioneiros.

Apesar de ter sido uma ação de pequena envergadura, ajuda a consolidar a posição das forças portuguesas em território oriental, assim como a fama de Manuel Marques de Sousa, afastando das mentes a derrota em Castillos no início do mês.

Apesar desta vitória, a crónica falta de cavalos vai continuar a atrasar toda a ofensiva portuguesa e só quase dois meses depois, em meados de Novembro, é que o grosso da força portuguesa sai de Castillos.


* * *

Excerto de carta do major Manoel Marques de Sousa, da cavalaria da Legião de Cavalaria Ligeira do Rio Grande, ao seu irmão, acerca da ação de Chafalote


[Santa Teresa, 9 de outubro de 1816.]


Ill.mo Mano Amigo e Sr.


As minhas ocupações tem me privado de dar a VS. noticias, e apesar de que elas se vão aumentando de dia a dia, aproveito esta hora de descanso para cumprir com este dever.

Creio já terá chegado a noticia de VS o feliz resultado da ultima diligência que fiz sobre o inimigo. Havendo sido encarregado pelo Sr. Ajudante General comandante da Divisão da Vanguarda de ir observar a posição do inimigo, marchei com hum Esquadrão de cem homens, sendo sessenta e tantos da Cav. de V. S., 

e ao amanhecer p. o DIA 24 AO PASSAR O PASSO DE CHAFALOTE achei ali o seu acampamento que ele excedia a 200, e que foram completamente batidos, tendo eles sofrido a perda de 13 mortos três mortalmente feridos (alguns dos meus Camaradas ainda querem que fossem mais, porem eu não vi); 20 prisioneiros entre os quais dois Tenentes,  350  Cavalos, 30 Clavinas com as suas competentes baionetas, e boldreis 22 Patronas, 8 Espadas de bainhas de forro e boldreis  de cinta com franqueletes, Seis baionetas avulças huma porçaõ de Cartuxame, e muitas maletas em cujo não entraram as dos dois Cap Munis [Julian Muniz] (o comandante) e Moreira, com todas as suas correspondências Oficiais, e Ordens 

& Foi juntamente retomada a Espada do seu Cadete Sandí, a roupa q. lhe tiraram, e assim também a dos dois Soldados de Milícias que foram asa m." occaz." prisioneiros. Depois ([...]) desta Caça não se tem aproximado mais. 


Os batidos ainda se não reunirão todos, a seu Campo é, seguindo informações [que] tenho na Serra das Cabeceiras do arroyo de D. Carlos, Frutuoso Rivera, que tinha passado acima [...] com 700 homens com o fim de se ver reunir a sua avançada, para vir aqui bater, desistiu da empreza e voltou para o seu Campo de Mamarajá às cabeceiras de S. Carlos.

(...)

Fonte
- Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, t. 31

Imagem

- Playa del arroyo Chafalote,19 de Abril (Wikicommons) 


***

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Combate de Santana (22 de setembro de 1816)


"Até que acabe a Munição..."

O tenente general Joaquim Xavier Curado, comandante da fronteira do rio Quaraí, com quartel general junto ao rio Ibiripuitá Chico, a norte da atual cidade de Santana do Livramento, destaca, a 20 de setembro de 1816, dois esquadrões dos Regimentos de Dragões do Rio Pardo (150)  e de Milicianos (180), sob o comando do capitão Alexandre Luís de Queiroz, para observar e bater uma partida da orientais que “hostilizava o paiz em proximidade da guarda de Sant’Anna.” (Lara)






O resultado deste reconhecimento foi um embate com a vanguarda do exército oriental de Artigas e a descoberta do seu acampamento na área. 


Os oficiais portugueses decidiram combater enquanto tal fosse possível e retiraram depois para norte a informar o general Curado do que descobriram.

Em seguida a transcrição dos relatórios do capitão Alexandre Luís de Queiroz, que comandou a força geral, e do tenente Gaspar Francisco de Mena Barreto, que comandou  a força do Regimento de Dragões, após a morte do seu capitão.


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Parte dada da Ação de Santana, de 22 de setembro de 1816, pelo capitão Alexandre Luís de Queiroz, das Guerrilhas de voluntários do Rio Grande:

Arroio de Ibirapuitá, 22 de setembro de 1816.

Santana do Livramento
Illmo. e Ex.mo Snr - Devo participar a V.Ex. que era cumprimento das Ordens que por V. Exª me foram intimadas passei a explorar as imediações do Ibirapuitá, e mandando espias à Cochilha que se avizinha ao Morro de Santa Ana d'ali voltaram a participar-me que se avistava não só diferentes espias dos Insurgentes, senão que haveria acampamento imediato.

Com esta noticia que a comuniquei ao Capitão Sebastião António de Bulhões Liote assim como ao Tenente Anacleto Francisco Gularte,  aquele Comandante do Esquadrão de Dragões, e este do de Milícias; entre todos combinamos o meio de atacar os Inimigos na esperança de os derrotar totalmente, ao que nos animava o geral desejo que para isto manifestava até o último Soldado.  

No dia 22 do corrente nos pusemos em marcha para aquele lugar fazendo então a frente avançada o Tenente Anacleto com os milicianos que comandava.  Eu com minha Partida seguia a sua retaguarda, e o esquadrão de Dragões em alguma distância passa a reserva.

O Tenente Anacleto pode avistar alguns Bombeiros do Inimigo, os quais pondo-se logo em fuga parece chamava ao encontro das suas forças; e com efeito perseguindo o mesmo Tenente aqueles Espias das quais pode apanhar dois se apresentaram na Cochila que não distava o número de 200 homens, que sendo por mim vistos me adiantei com a minha Partida; e do dito Tenente, e sem mais consulta dirigimos  a marcha ao Inimigo que dando a primeira descarga se puseram em vergonhosa retirada que sendo por mim picada foram mortos na distância de meia légua trinta e tantos homens, sem o menor prejuízo da nossa parte;  

Quando porém do mesmo acampamento dos Inimigos digo dos insurgentes que se achavam na distância de uma quadra, saiu o reforço de Infantaria e Cavalaria que empenhando as suas forças para nos flanquearem a direita e esquerda nunca lhes foi possível conseguirem apesar do vivo fogo que pela frente nos fazia a bem ordenada Infantaria, a este tempo se reuniu o Esquadrão de Dragões comandado pelo Capitão Sebastião António de Bulhões Liote que tomando o flanco direito formou-se em Batalha apesar do mau terreno. Então o Inimigo empenhou as suas forças sobre este Esquadrão, e forcejando a ganhar-lhe o flanco direito sempre foi repelido pelo vivo fogo que os Dragões em linha constantemente fizeram.  

Deste empenho que o Inimigo mostrou em cortar aquele   corpo com todas as suas forças, resultou o maior número de mortos e feridos que o Tenente Gaspar Francisco Mena participara a V. Ex.ª se bem que o Inimigo experimentou grande  perda. Este Oficial bem longe de lhe fazer terror o grande número dos inimigos, e a melhor situação para a vantagem, se entusiasmou furioso, cujo exemplo seguiu o Tenente José Rodrigues Barbosa, e o Alferes José Luiz Mena Barreto ordenado o ataque até que finalizemos as munições, neste tempo crescia o socorro do Inimigo, e nos achávamos com os  cavalos em estado de não poderem avançar  com a Espada na mão, portanto tomámos a deliberação fazer-mo-nos em retirada continuando a fazer-lhe fogo defendendo assim a Cavalhada sobre que o Inimigo se empenhava.  

Pouca distância nos seguiram, e tenho a honra certificar a V.Ex.ª que no Campo do combate ficaram mortos da parte inimiga o numero de 100 homens pouco mais ou menos, e da nossa parte alguns ficaram feridos, e um morto da minha Partida.  

O Inimigo está acampado, e é de esperar que ou mude de posição, ou reúna ali todas as forças; mas sejam elas quais forem não atemorizaram os Valerosos Dragões, e os fortes Milicianos.  

Não posso menos que louvar o valor com que se portou em toda a acção o Sargento da Legião de São Paulo António  Luiz Pizarro, e seria faltar a justiça ao merecimento deste combatente que tanto operou. Fico por toda a Margem do Ibirapuitá dando o preciso descanso e alimento aos Camaradas, e Cavalos, e aqui espero as Ordens de V. Ex.ª a quem Deus Guarde. 

Campo 22 de Setembro de 1816 = III.mo e Ex.mo
Snr Tenente General Joaquim Xavier Curado = Alexandre Luiz de Queirós



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Parte dada da Ação de Santana, de 22 de setembro de 1816, pelo tenente Gaspar Francisco Mena Barreto, do Regimento de Dragões do Rio Grande (ou Rio Pardo), que em virtude da morte do seu capitão, assumiu o comando do esquadrão do seu regimento.


[Arroyo de lbirapuitá, 22 de setembro de 1816.]

Tenho a satisfação de levar à presença de V. Ex.ª o sucesso de mais renhida acção travada entre o Esquadrão de Dragões do meu Comando por falecimento do Capitão Sebastião António de Bulhões Liote, e as mais partidas destinadas a bater a Campanha desde a Coxilha de Santa Anna até o lbirapuitá com os insurgentes deArtigas.  

No dia 20 do corrente em que marchei para a Coxilha fez-se alto no Campo de Geronimo Coelho aonde sereuniu o Tenente José Rodriguez Barboza, o Tenente Bento Manoel, e o Alferes Francisco das Chagas Rocha, participando-me que no dia antecedente tinham batidos e postos em fugida uma Partida de 150 Insurgentes. 

Mandaram-se exploradores a examinar todos os lugares por onde se supunha que o Inimigo se podia dirigir, e então por eles se soube que nos Galhos do Arroio lbirapuitá haviam indícios de gente Acampada.  

Reunimos todas as Partidas que juntas faziam o número de 340 homens. Foi a Avançada do Corpo o Tenente Anacleto Francisco Gularte com 90 homens, e a pouca distância se lhe apresentaram 200 Insurgentes os quais foram batidos pela dita Avançada matando-lhes de 30 a 40 homens.  

Imediatamente marchou com mais celeridade todo o resto da Tropa, e sobre a Coxilha de Santa Anna os apresentaram forças consideráveis de infantaria, cavalaria, e Charruas. Já então a nossa Cavalhada estava cansada, e a posição do Inimigo não admitia atacá-los de Espada na mão em consequência de hum despenhadeiro.  

O Esquadrão de Dragões sofreu um vivo fogo de mosquetaria em distância de menos de duzentos passos e às vezes a tiro de Pistola. Tentaram com muita força, e por diferentes vezes voltear o meu flanco direito, e sempre foram rechaçados com muita perda. Era neste tempo a força do Inimigo 300 homens de Infantaria, 500 de Cavalaria entrando os Charruas.  

Durou o Ataque desde as 9 horas da manhã até à uma hora da tarde quando chegou um grande reforço com duas Peças de Artilharia. Retirámo-nos ao pequeno trote; e o Inimigo apesar das suas grandes forças não nos perseguiu depois de acabar nos todas as munições sem que hum dos meus soldados, desse sinal de  cobardia. De tudo quanto tenho exposto a V. Ex.ª, é fácil deduzir que a nossa gente havia padecer, e muito principalmente o Esquadrão que o Inimigo pretendeu voltear com empenho por causa da Cavalhada.  

Remeto a V.Ex.ª a lista dos mortos e feridos pertencentes ao dito Esquadrão. Do Inimigo ficaram sobre o Campo 100 homens mais ou menos, e feridos supõem-se muitos porque, em cinco descargas a pequena distancia além do fogo alternado, se viu cair muita gente. A infantaria do Inimigo está muito bem armada, e Artigas tem forças consideráveis nas imediações de Santa Anna.  

Todos os Oficiais, e Inferiores suportaram com distinção, muito particularmente o Cadete Belchior da Rosa e Brito, o Porta Estandarte Francisco Pinto da Fontoura, o Furriel Alexandre José Machado, o Furriel José Ferreira Jardim o Porta Estandarte Patrício José Correia da Câmara, o Cadete José Maria Correia Vasques, o Cadete José Machado da Silveira não foram cobardes, os Cabos João Rodrigues de Lima, José Roiz dos Santos, João Gomes da Costa, José Alves de Oliveira, José Pereira, Henrique Theofilo Ferreira de Andrade e José Ignacio de Souza Sardinha, João da Silva, e Demiciano José Alves Trilho fizeram extraordinários esforços, e o Cabo João Roiz de Lima, e o Cabo João da Silva depois de muitos feridos continuaram a pelejar até a retirada, e o Cabo Francisco de Paula de Azambuja ficando em pelo continuou a acção com o mesmo vigor. Todos quantos morreram deram assinaladas provas de valor, e não devo deixar de fazer justiça, a todos os Oficiais de Milícias, dizendo a V. Ex.° que cada um de por si  fez prodígios, e muito sangue frio.

O Tenente do meu Esquadrão José Rodrigues Barboza, e o Alferes José Luiz Menna Barreto mereceram os elogios de toda a Tropa; a opinião publica que granjearam estes dois Oficiais V. Ex.ª ouvirá  geralmente.  

Deus  Guarde  a  V.Ex.ª  
Arroio do lbirapuitá 22 de Setembro de 1816=
Ill.mo  Ex.mo  Snr  Joaquim  Xavier  Curado  
=  Gaspar  Francisco  Menna Barreto.

Relação dos  Mortos  e  feridos  do  Regimento  de  Dragões neste ataque.

Mortos
O Capitão Sebastião António de Bulhões Liote
O Tenente Valentim Bueno de Camargo
O  Porta  Estandarte  Izidoro  Belmonte  da Silveira
E 6 Soldados.

Feridos
O  Porta  Estandarte  Patricio  Jose  Correa  da  Camara
Dito Francisco Pinto da Fontoura
3 Cabos, e 8 Soldados. 


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BAIXAS
Relação dos Mortos e feridos de Milícias neste Ataque

3 Soldados Mortos

Feridos
O Tenente Anacleto Francisco Gularte
Os Alferes Francisco das Chagas Rocha
Antonio Garcez de Moraes
1 Furriel, e 14 Soldados; entre estes 3 de perigo


SANTANA (22/9)

MORTOSFERIDOS
AçãoOFICIAISPRAÇASOFICIAISPRAÇAS
Reg Dragões Rio Grande36210
Reg Mil Rio Pardo05313
TOTAL511523


Oficiais Mortos
(todos de Dragões)
- Capitão Sebastião António de Bulhões Leote
- Tenente Valentim Bueno de Camargo
- Cadete Porta-estandarte Isidoro Belmonte da Silveira


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Fontes
Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, 1992, t. 31, pp. 353-367.
- Diogo Arouche de Moraes Lara, “Memória da Campanha de 1816”, in: Revista trimensal de historia e Geographia, ou, Jornal do Instituto Historico e Geographico Brazileiro, n.º 27, Outubro de 1845

Imagem de topo in: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Santana_do_Livramento_from_the_border.jpg